ERGONOMIA: UMA REFLEXÃO FRENTE ÀS MUDANÇAS NUM MUNDO GLOBALIZADO

RESUMO
O presente trabalho é uma tentativa de resgate da humanização nos ambientes de trabalho. Esperamos com isto, contribuir para um mundo mais saudável e humanizado, para que sejam valorizarizadas as competências individuais num mundo globalizado, onde todo trabalhador tem um papel importante a desempenhar, com talentos peculiares e com idéias inovadoras, onde ele é o protagonista de uma história que seria inexistente sem ele. Os grandes executivos e empresários são os responsáveis pela geração de emprego e crescimento do país, no entanto, o homem trabalhador é aquele que desempenha as tarefas, produzindo e enriquecendo seu patrão. Portanto, é este homem que deve ser ouvido na hora de elaborar mudanças no ambiente de trabalho, assim como nos equipamentos, mobiliário e, consequentemente, o seu bem estar.

Palavras-chaves: ergonomia, trabalho, capitalismo, globalização, mudança no ambiente de trabalho, trabalhador

RESUMEN
Este trabajo es un intento de rescatar la humanización en los ambientes de trabajo. Esperamos con ello, contribuir a una más saludable y más humanizado mundo, que se valorizadas las capacidades individuales en un mundo globalizado, donde cada trabajador tiene un papel importante que desempeñar, con singular talento e ideas innovadoras, donde él es el protagonista de una historia que serían inexistentes sin ella. Los principales ejecutivos y empresarios son responsables de la generación de empleo y el crecimiento del país, sin embargo, el hombre es un trabajador que realiza las tareas, la producción y enriquecimiento de su jefe. Así es este hombre que debe ser oído en el tiempo para producir cambios en el entorno de trabajo, así como en equipo, mobiliario y, por su bienestar.

Palabras clave: ergonomía, trabajo, capitalismo, globalización, el cambio en el entorno de trabajo, los trabajadores
INTRODUÇÃO

No ano de 1915, durante a Segunda Guerra Mundial, foi fundada a Comissão de Saúde dos Trabalhadores nas Indústrias de Munição, formada basicamente por fisiologistas e psicólogos e, em 1928, totalmente reformulada transformou-se no Instituto de Pesquisa sobre Saúde no Trabalho. Essa transformação ampliou seu campo de trabalho, promovendo pesquisas sobre posturas no trabalho, carga manual, seleção, treinamento e, principalmente, preocupações quanto ao ambiente (COUTO, 1995)[1].

Com o advento da Segunda Guerra Mundial houve a necessidade de adaptação dos instrumentos bélicos para que os operadores diminuíssem a tensão provocada pelo trabalho, evitando, dessa forma, os riscos de acidentes.

No mês de julho de 1949, cientistas reúnem-se na Inglaterra para discutir e formalizar este novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Logo após, em fevereiro de 1950, é proposto o termo ERGONOMIA, cuja raiz provém do grego: ergo – trabalho e nomos – regras, leis naturais. Sua expansão através da industrialização deu-se a partir da década de 50 com a fundação da Ergonomic Research Society, na Inglaterra. Em 1961, acontece o Primeiro Congresso de Estocolmo, promovido pela Associação Internacional de Ergonomia (PRATES, s.d. apud LIDA, 1990).


1 CONCEITO

Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Possui ampla abrangência referindo-se às máquinas, equipamentos e todas as situações que envolvem o relacionamento homem e trabalho. Neste contexto estão englobados aspectos físicos e organizações relativos ao programa e controle para a produção dos resultados desejados (PRATES, s.d. apud LIDA, 1990)[2].

Para que exista uma coerência entre organização, ambiente, homem, trabalho, produção deve existir uma preocupação em conhecer o homem (indivíduo que produz, gerando lucros) para projetar os maquinários e equipamentos ajustando-os às capacidades e limitações humanas. Para que o projeto funcione de acordo com o comportamento humano, são objetos de estudo:
Ø Homem – características físicas, psicológicas, sociais, idade, motivação;
Ø Máquina – todos os materiais que o homem utiliza em seu trabalho, tais como: equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações;
Ø Ambiente físico - efeito de luzes, ruídos, gases e outros tipos que causem poluição sonora, auditiva e aérea;
Ø Informação – relacionamento entre os elementos de um sistema, transmissão e processamento de informações, até tomada de decisões;
Ø Organização – a união dos elementos anteriores no sistema produtivo, englobando horários no sistema produtivo, turno de trabalho e formação de equipes;
Ø Conseqüências do trabalho – ligados ao controle: tarefas de inspeções, registro de erros e acidentes, estudos sobre gastos energéticos, fadiga e estresse.

1.1 HISTÓRIA DA ERGONOMIA E TRABALHO

Frederick Winslow Taylor, engenheiro americano nascido no subúrbio na Filadélfia, na Pensilvânia, em1856, era filho de uma classe média que pôde estudar em bons colégios.

Aos 22 anos de idade, Taylor conseguiu um emprego como operário nas oficinas de construção de máquinas Midvale Steel Company. De operário a chefe de oficina e engenheiro-chefe, de sua trajetória pode ser dito que foi conquistada em tempo recorde, no curto espaço de seis anos. Sua maior preocupação como chefe de seção era “como enfrentar problemas tais como: qual a melhor forma de fazer esse trabalho? Qual deverá ser o trabalho de um dia?

“Diante destes problemas, e devido ao eu caráter cumpridor de obrigações, Taylor queria que os homens sob sua direção realizassem durante um dia de trabalho uma produção aceitável, e impôs a si próprio o trabalho de encontrar o método para fazer um trabalho, ensinar o trabalhador a realizá-lo e fixar as condições em que o referido deveria desenvolver-se, fixar o tempo padrão para a realização do dito trabalho e, por fim, pagar ao trabalhador um prêmio em forma de salário extraordinário, se fizesse o serviço como especificado” (TAYLOR, 1987).[3]

O livro de Taylor, “Princípios de administração científica”, que adquiriu fama internacional influenciaram muito a organização do trabalho daquela época e, mesmo com as críticas afirmando que sua obra perdeu a atualidade e foi superada por outras teorias, se observarmos e e nos aprofundarmos nas formas de organização do trabalho de muitas empresas, veremos que lá estão alguns dos princípios dos fundamentos tayloristas. Conforme Figueiredo, 2008 (apud FLEURY e VARGAS, 1983)[4]:

“a crítica difundida entre os teóricos da administração empresarial, de que o taylorismo perdeu a atualidade, não tem fundamento. O que se abandonou em partes foram os métodos e técnicas que Taylor utilizava, mas não os seus princípios”.

Vargas (1979)[5], admite que na proposta deTaylor está implícita a mecanização do homem e só existe interesse na capacidade física do trabalhador, ou seja, o trabalhador se obriga a separar as “atividades do pensamento” do trabalho diário, pois seus movimentos devem ser o mais automatizados possível e sempre iguais. Ou seja, não existe a apropriação do saber operário e sim o controle do ritmo de trabalho e sua intensificação.

Após Taylor, outro homem importante que desenvolveu uma nova proposta de gestão da produção em linhas de montagem, foi Henry Ford, nascido em 1863, em Michigan. Vargas descreve abaixo os princípios do fordismo:
Ø Sempre que possível, o trabalhador não dará um passo supérfluo;
Ø Não permitir, em caso algum, que ele se canse inutilmente, como movimentos à direita ou à esquerda, sem proveito algum;
Ø Tanto os trabalhadores quanto as peças devem ser dispostas na ordem natural das operações, de modo que toda peça ou aparelho percorra o menor caminho possível durante a montagem;
Ø Empreguem-se planos inclinados ou aparelhos similares, de modo que o operário sempre possa colocar no mesmo lugar as peças em que trabalhou, e sempre ao seu alcance.
Vargas (1979)[6], concluiu que:

“o resultado prática destas normas é a aconomia das faculdades mentais e a redução ao mínimo dos movimentos de cada operário que, sendo possível, deve fazer sempre o mesmo movimento e executar a mesma operação.”

É importante citar que Ford compreendia o trabalho como fonte de riqueza, e por isso, não permitia qualquer desperdício. E, confirmando essa teoria, Henry ford sempre dizia: “Não há quase contato pessoal em nossas oficinas; os operários cumprem o seu trabalho e voltam logo para os seus lares. Uma fábrica não é um salão de conferências”. (Henry Ford).

Seria interessante fazer uma incursão no filme “Tempos modernos”, de Chaplin, de 1936, que faz uma boa alusão dos modernos meios industriais:
“é com o talento do humor de Charles Chaplin em sua obra Tempos Modernos (Modern Times, 1936) que a crítica ao modo de produção capitalista e à reprodução social burguesa que se deu de forma mais genial.
1.2 O CINEMA COMO INSTRUMENTO DE PROTESTO CONTRA O MUNDO CAPITALISTA – O EXEMPLO CHAPLIN[7]
Chaplin esforça-se em delinear não somente concepções que abrangem as questões trabalhistas em si, mas também uma perspectiva de humanidade em que a busca pela felicidade é uma constante. A frase do início do filme pontua a idéia central da obra: “Tempos Modernos. Uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade.” (CHAPLIN, 1936).
O personagem de Chaplin representa o trabalhador da primeira metade do século XX em vários aspectos, contudo simultaneamente ressalta o desajuste à modernidade burguesa. Por um lado, o industrial worker se destaca da multidão como individualidade heróica que se identifica com o público-massa (construção característica de Hollywood), mas por outro, pontua uma tentativa frustrada de inserção na sociedade capitalista traduzida na busca pelo anonimato (configurando-se em um anti-herói problemático). (INÁCIO, s.d. apud ALVES, 2005)
A constante sensação de estranhamento com relação à sociedade é o elemento central da tragicomicidade da película. Tanto no ambiente de trabalho quanto em seu cotidiano sempre há um desajuste à realidade.
O ambiente fabril nos traz muitas informações sobre os elementos constitutivos do modo de produção capitalista e da sociedade norte-americana da época. A linha de montagem fordista com sua extrema especialização produz partes de mercadorias não-identificadas — Chaplin não nos deixa saber o que está sendo produzido. Somente sabemos que é uma fábrica de componentes elétricos (Electro Steel Corp.). O trabalhador perde a noção total de produto dada à divisão de tarefas. Desse modo, o trabalho ganha caráter abstrato.
Em uma cena mais adiante, Carlitos volta à fábrica só que agora na condição de assistente de manutenção das máquinas. Uma leitura possível é que o velho que acompanha Chaplin represente os antigos artesãos metalúrgicos. A cena em que o funcionário mais antigo fica preso nas engrenagens pode demonstrar que o novo capitalismo marcado pelo taylorismo-fordismo suplantara o sistema de produção artesanal.
Destaca-se também nesse ambiente a tentativa de controle total do funcionário por parte do capitalista. O capataz controla a linha de produção no que diz respeito ao seu andamento, enquanto o capitalista dita a velocidade da produção através de uma grande tela a la Big Brother como na obra literária 1984 de George Orwell (1949). A utilização de uma tela para o controle dos funcionários – o personagem de Chaplin é observado até dentro do banheiro!
A ligação com a máquina (fetiche do capital) é tão grande que o trabalhador industrial passa a ser parte dela. Tanto que Carlitos é engolido por ela e, após um dia estressante dia de trabalho é imbuído pela loucura.


2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO


As práticas ergonômicas hoje têm sofrido muitas mudanças, podemos destacar entre elas: tosas as adaptações feitas em equipamentos e mobiliários para atender a demanda dos trabalhadores, enquanto no passado adapta-se o homem ao trabalho, hoje esta prática está invertida e pode-se dizer que o trabalho está se adaptando ao homem.
Isso tem acontecido de forma gradual, tendo começado pelas fábricas e hoje, abrangendo setores que crescem de forma vertiginosa, como é o caso do trabalho de telemarketing. Esses profissionais passam horas em frente ao computador com telas piscantes (avisos, propagandas e alertas que devem ser dados ao receptor das mensagens dos profissionais da área).
É sabido que o mobiliário das principais empresas tem sido substituído por peças mais modernas além da concessão de dez minutos de descanso a cada uma hora de trabalho. Porém, é importante frisar que algumas medidas ainda devem ser tomadas para a melhoria das condições do trabalho desses profissionais, juntando-se a eles, professores, advogados, profissionais da voz em geral, para uma melhor adequação de sua produção vocal, evitando dessa maneira, idas constantes ao médico, além de afastamentos que muitas se prolongam por ocasião de patologias que podem vir a se tornarem crônicas, como é o caso das disfonias organofuncionais.



3 CONCLUSÃO

Mesmo com as mudanças impostas desde a Primeira Guerra Mundial até os dias de hoje, podemos considerar que ainda falta muita coisa a ser feita na área da ergonomia. Existe uma grande abundância de material bibliográfico na área, porém quase todos estão focados numa maior produtividade, enquanto o fator humano ainda permanece como fonte de produção apenas. Ou seja, os poucos que controlam o mundo operacional esperam o aumento da produção, recompensando aqueles que conseguem atingir metas e cortando aqueles que não o conseguem, ocasionando, dessa forma, uma competitividade predatória e não de cooperativismo. Podemos dizer, portanto, que as relações interpessoais no trabalho são constantemente ameaçadas pelo temor do desemprego, tirando assim, a harmonia – significante mais importante no lugar onde se passa a maior parte do tempo – em troca dos rolos compressores capitalistas.
Esperamos com este trabalho levar as pessoas envolvidas com os meios de produção, dentre eles, executivos, empresários, trabalhadores, pesquisadores e a comunidade em geral a uma reflexão acerca dos problemas mais relevantes quanto a uma nova profissão que surge na tentativa de melhorar todos os aspectos citados.


BIBLIOGRAFIA
FIGUEIREDO, Fabiana, MONT’ALVÃO, Claudia. Ginástica laboral e ergonomia. 2.ed. Rio de Janeiro : Sprint, 2008
PRATES, G. A. . Reflexão sobre o uso da ergonomia aliado à tecnologia : Propulsores do aumento da produtividade e da qualidade de vida no trabalho. RACRE. Revista de Administração CREUPI, v. 7, p. 76-85, 2007. ; Meio de divulgação: Vários; Homepage: http://www.unipinhal.edu.br/ojs/racre; Série: 11; ISSN/ISBN: 1519825. (material de apoio do próprio Instituto Amazônida)
http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/alternativa/analise_ergonomica/analise_ergonomica.htm. (capturado em 03.08.2008, 14:02)
http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&task=view&id=1395&Itemid=83 (capturado em 03.08.2008, às 17 horas)
1http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/alternativa/analise_ergonomica/analise_ergonomica.htm. (capturado em 03.08.2008, 14:02)
[2]PRATES, G. A. . Reflexão sobre o uso da ergonomia aliado à tecnologia : Propulsores do aumento da produtividade e da qualidade de vida no trabalho. RACRE. Revista de Administração CREUPI, v. 7, p. 76-85, 2007. ; Meio de divulgação: Vários; Homepage: http://www.unipinhal.edu.br/ojs/racre; Série: 11; ISSN/ISBN: 1519825.
[3] FIGUEIREDO, Fabiana, MONT’ALVÃO, Claudia. Ginástica laboral e ergonomia. 2.ed. Rio de Janeiro : Sprint, 2008, p.23
[4]FIGUEIREDO, Fabiana, MONT’ALVÃO, Claudia. Ginástica laboral e ergonomia. 2.ed. Rio de Janeiro : Sprint, 2008, p.23
[5] Idem, p.26
[6] FIGUEIREDO, Fabiana, MONT’ALVÃO, Claudia. Ginástica laboral e ergonomia. 2.ed. Rio de Janeiro : Sprint, 2008, p., p.27
[7] http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&task=view&id=1395&Itemid=83

Um comentário:

Web Monografias disse...

Muito legal esse arquivo.

www.webmonografias.com.br