AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS NA CONTEMPORANEIDADE

RESUMO
O presente trabalho busca traçar a trajetória das bibliotecas no Brasil, bem como, explanar o desenvolvimento dos trabalhos necessários para a organização de uma biblioteca pública, levando em conta o público alvo, espaço-físico, a aquisição de obras bibliográficas, o uso da tecnologia e os funcionários envolvidos para seu pleno funcionamento no mundo contemporâneo. É importante destacar também o papel da biblioteca no desenvolvimento do saber e disseminação da informação.
INTRODUÇÃO

A comunicação sempre foi parte fundamental para a sobrevivência do homem. Primeiramente, a comunicação não-verbal, ou seja, através da gestualidade, grunhidos e, posteriormente, com o uso de desenhos (arte rupestre). Não podemos deixar de fazer referência ao desenvolvimento das mãos e das habilidades que estas dão ao homem – único ser que possui um aparato tão completo, requintado e complexo, capaz de mobilizar diversas áreas do cérebro para o uso das funções mais complicadas – e o do seu significado no processo da comunicação.

Com o desenvolvimento de aparato tão útil, aliado a inteligência humana, surgem as primeiras tentativas verdadeiras de comunicação entre os indivíduos. Segundo Arruda (s.d.), progressivamente, os homens começaram a fazer uso de objetos – pedras, varetas, cordas, gravuras, riscos, sendo que este último deu origem ao processo pictográfico – representação de maior ou menor interesse ornamental e valor estético, de objetos e acontecimentos e, consequentemente, a escrita, que é a representação de elementos lingüísticos.

Procuramos durante a exposição do trabalho, demonstrar a importância da Biblioteca Pública e seu papel de grande importância na contemporaneidade devido ao processo da globalização, quando todas as culturas se entrecruzam fornecendo materiais que até dez anos atrás demorariam meses para chegar às mãos de um pesquisador.



1 A BIBLIOTECA PÚBLICA E SUAS FUNÇÕES

Com as considerações feitas na introdução deste, podemos dar continuidade e afirmar que é justamente nesse sentido que nasce a necessidade da organização de documentos e, paralelamente, a biblioteca torna-se algo extremamente relevante. É importante citar que além de organizar os documentos, preservando a memória coletiva das experiências existenciais, culturais e científicas, a biblioteca será a responsável pela disseminação dessas informações. Essa transformação acontece durante a Idade Moderna e, essa transformação provocou consequentemente, o volume de documentos de forma vertiginosa, proporcionando o acesso dos mesmos ao homem comum.
Com essa transformação, mudou também o espaço físico e as instalações das bibliotecas. O que antes era guardado em armários com portas, deu espaço a prateleiras abertas, onde as pessoas pudessem caminhar livremente.
Historicamente, podemos citar como uma soma de acontecimentos, tais como: a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e, também, o processo de urbanização entre os séculos XVIII e XIX para o surgimento das primeiras bibliotecas
Segundo Manguel (apud ARRUDA, s.d.), com a imprensa, observou-se que: “de repente, pela primeira vez, desde a invenção da escrita, era possível produzir material de leitura rapidamente e em grandes quantidades...”.
Ainda, segundo Arruda (s.d.), devemos considerar a Revolução Industrial como a grande responsável por essa transformação devido à necessidade de mão-de-obra especializada, a fim de possibilitar o manuseio das máquinas, sendo que para isso, era necessário o domínio da leitura.
O amadurecimento da Inglaterra após a Revolução foi o grande responsável pelo surgimento das bibliotecas públicas. Esse amadurecimento trouxe as condições econômicas, políticas e culturais para essa mudança de comportamento.
Segundo Serrai (apud ARRUDA)[1],

“não se pode deixar de destacar a Revolução Francesa como sendo, também, responsável pela criação da biblioteca pública, devido não só ao fato de que através dela a Instrução Elementar tornou-se obrigatória e gratuita, como direito de cada cidadão, através do lema de Igualdade, Fraternidade e liberdade”.

No início, as distinções entre bibliotecas públicas e arquivos não existiam e a instituição desempenhava as duas funções. Porém, com o passar dos anos, sentiu-se a necessidade de separar as duas coisas, passando os documentos a serem responsabilidade de centros de documentação, enquanto as bibliotecas passaram a ser geridas por grupos especializados.
Segundo ARRUDA (s.d.), as primeiras bibliotecas que surgiram apresentavam um caráter particular, satisfazendo as necessidades de seu dono. A partir do momento em que esses acervos foram abertos ao público, não houve uma superação das expectativas criadas, visto que não existiam materiais que interessassem a qualquer indivíduo, ou seja, elas representavam o interesse de uma minoria. Este problema perdurou desde o período clássico até o período medieval, com uma única diferença: elas assumem o papel de um organismo privado.
Durante a Antiguidade, muito embora fosse defendido o uso das bibliotecas por todos, a privatização continuava em vigor, porém, de forma camuflada. As principais bibliotecas foram transformadas em verdadeiros labirintos, para passar a idéia de que não queriam ser vistas. É importante deixar claro que durante todos esses períodos as bibliotecas eram fechadas às mulheres, crianças, escravos e iletrados.



2 AS QUATRO FUNÇÕES BÁSICAS

A história passa a sofrer uma mudança na Idade Moderna, quando as bibliotecas sentiram a necessidade de mudar sua estrutura, como também sua natureza. Isso graças aos materiais que passaram a ser publicados em série e não mais pelo processo caligráfico.
Uma biblioteca pública precisa preencher quatro requisitos para ser aceita como tal: ela precisa ser educativa, cultural, recreativa e informacional. Essa biblioteca é diferente da biblioteca escolar, onde o seu uso é voltado para o aprendizado dirigido, enquanto a outra tem a função de beneficiar a sociedade através da prática da leitura, sem ganhos de grande abrangência, mas para estimular o uso dos livros.
Geralmente, por falta de verba, o acervo dessas bibliotecas é composto por doações de obras de pessoas que já não se interessam pelos livros que possuem em casa ou pela morte de seu dono.

“a biblioteca pública, desde seus primórdios até os dias atuais, constitui-se em uma instituição educativa por excelência. Todavia, não deve oferecer seus serviços apenas aos públicos real e potencial, bem como voltar-se unicamente à educação formal – entendida como sendo a pesquisa escolar”. (ARAÚJO, 1985 apud ARRUDA)[2]

2.1 A PRIMEIRA FUNÇÃO BÁSICA - EDUCATIVA

Apesar do caráter da biblioteca pública citado acima, ainda segundo ARAUJO (1985), partindo desse pressuposto, pode-se dizer que a biblioteca pública não pode se preocupar apenas com o cliente estudantil, mas também com o público não-formal.
No entanto, para que isto seja possível é necessário haver uma mudança na postura dos profissionais bibliotecários, bem como do público alfabetizado, neo-alfabetizado e não-alfabetizado. Tudo isso pode ser considerado como barreiras para o desenvolvimento da biblioteca pública, pois os próprios profissionais desconhecem a expansão dessa função, excluindo, dessa forma, a classe marginalizada. Essa postura deve-se a formação que os bibliotecários recebem durante sua formação que está completamente voltada para trabalharem como agentes de informação técnico-científica apenas para professores, pesquisadores, especialistas e alunos.
Dentre as quatro funções básicas de uma biblioteca, é possível verificar que a primeira delas é cumprida, no entanto, no que tange às outras três atividades existem falhas que devem ser analisadas e levadas à luz da reflexão dos profissionais da área.

2.2 SEGUNDA FUNÇÃO BÁSICA - CULTURAL

A segunda função básica da biblioteca pública – a cultural - é muito pouco, pois desenvolvida com o caráter erudito, implicando em uma indisponibilidade para o público geral. Sabemos, no entanto, que todo cidadão tem o direito de conhecer todo e qualquer tipo de manifestação artística, oferecendo aos indivíduos a oportunidade

“de contato, participação, apreciação das artes, proporcionando ambiente agradável, estimulando e agindo, tanto quanto possível, como contra-peso à cultura comercialmente orientada de nossos dias”. (ANDRADE E MAGALHÃES, 1979 apud ARRUDA, s.d.)[3]

Isso quer dizer que o público, por menos especializada que seja tem direito ao acesso à cultura, estimulando assim, através das artes, o senso crítico, o melhoramento intelectual e consequentemente, o desenvolvimento de um melhor discernimento entre a arte como representação de uma determinada época como a arte como um sub-produto que favorece a massificação cultural. Por mais que os profissionais se afastem dessa atividade, elas ainda continuam fazendo parte das funções de um bibliotecário.

2.3 TERCEIRA FUNÇÃO BÁSICA - RECREATIVA

Entende-se como terceira função básica da biblioteca pública, aquilo que chamamos de recreação, ou seja, uma biblioteca voltada para o público infantil, que busca principalmente uma forma de aprendizado de maneira lúdica buscando um equilíbrio psíquico, além de desenvolver o hábito da leitura. O oferecimento desse tipo de leitura deve ser descompromissado e de livre escolha para proporcionar ao público o relaxamento. (ANDRADE e MAGALHÃES, 1979 apud ARRUDA). Progressivamente, esse público que buscava uma leitura descompromissada passa a buscar informações que despertam o interesse pelos demais gêneros literários existentes no acervo da biblioteca. É uma das formas mais eficazes de formar leitores mais críticos e exigentes.

2.4 QUARTA FUNÇÃO BÁSICA - INFORMACIONAL

A minha vivência e experiência em biblioteca, esta de caráter universitário mas ao mesmo tempo especializado, um vez que destinava-se também a estudantes de pós graduação, forneceu-me subsídios para traçar um paralelo entre a biblioteca pública e especializada. A grande maioria das bibliotecas especializadas atende um público interno, restringindo o horário para atendimento da comunidade externa. Podemos citar aqui alguns fatores fundamentais para tal determinação: o número reduzido de funcionários formado muitas vezes por auxiliares despreparados para atender a demanda que o público desta biblioteca exige. Isto acontece não por falta de interesse dos funcionários não graduados, mas por uma exigência imposta pela hierarquia que funciona num sentido verticalizado, ou seja, as informações partem de baixo para cima, quando na verdade deveria partir de forma lateralizada, um funcionário ao lado do outro formando uma verdadeira equipe, num sentido horizontal.
O que existe nessas bibliotecas pode ser chamada de guerra de poderes, quando o auxiliar é tratado pelos bibliotecários da mesma forma que o público marginalizado é tratado por esses mesmos funcionários.


3 CONCLUSÃO

Podemos concluir que ainda falta muito para que as bibliotecas públicas brasileiras alcancem um valor de excelência. Os acervos nem sempre oferecem materiais atualizados, quanto aos funcionários, na sua maioria formada por funcionários públicos que procuram estabilidade dando muito pouco de seu saber para a população que busca o serviço desse departamento. Com relação à tecnologia, podemos dizer que além de obsoleta é também pobre em seus recursos, com poucos equipamentos funcionando precariamente.


BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, Guilhermina Melo. As práticas da biblioteca pública a partir de suas quatro funções. [s.l.] : [s.n.], [19--]

NOTAS
[1] ARRUDA, Guilhermina Melo. As práticas da biblioteca pública a partir das suas quatro funções básicas. [s.l.: s.n.], [19--].
[2] ARRUDA, Guilhermina Melo. As práticas da biblioteca pública a partir das suas quatro funções básicas. [s.l.: s.n.], [19--].

[3] ARRUDA, Guilhermina Melo. As práticas da biblioteca pública a partir das suas quatro funções básicas. [s.l.: s.n.], [19--].

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