CÉREBRO, MÚSICA E ACUPUNTURA (parte 1)

O CÉREBRO MUSICAL

Essencialmente o cérebro é um gerador de potencial elétrico e eletricidade. O neocórtex contém cerca de 100 bilhões de neurônios mantidos e nutridos por bilhões de células gliais (existem aprox. 10 vezes mais células gliais que neurônios). Esses neurônios, com um inimaginável número de interconexões, são complexos microcomputadores produzindo e transmitindo impulsos elétricos57.

Existem evidências que os neurônios funcionam cooperativamente, com várias subpopulações unidas entre si por uma rede de milhões de células e cada subpopulação respondendo a vibrações em certas freqüências, assim como um copo de cristal ressonando a uma determinada nota musical. As freqüências promovem profundos efeitos no cérebro, desde a síntese de neurotransmissores como a recarga cortical, incluindo os processos de regeneração e vitalização do corpo.

Pela estimulação de específicos centros neurais ou neuropopulações com freqüência e forma de onda (timbre) adequadas, é possível afinar o cérebro assim como um músico afina o seu instrumento ou um maestro afina uma orquestra. Células que estão em níveis não adequados são estimuladas a produzirem o que necessitam. A provável explicação é a freqüência adequada, alterando a configuração da membrana celular e promovendo a síntese de DNA. O tecido entra em ressonância com a freqüência enviada
44.

Uma estrutura cerebral que, nos últimos anos, tem chamado o interesse de inúmeros cientistas é a Neuroglia que significa “Cola Neural”. Glia é um termo que provém do grego e significa cola. Os primeiros histologistas consideraram que as células – os gliócitos - desempenhariam papel de agregação e sustentação entre os neurônios
54. Eles, em parte, estavam certos mas a glia também desenvolve funções imunitárias e de proteção, absorção de partes dos neurônios que eventualmente degeneram e, também, de sustentação para a regeneração das fibras nervosas em casos de lesão.

Pesquisas recentes têm indicado que as células gliais são eletricamente sensíveis, atuando muito como cristais líquidos, ressonando em harmonia com campos elétricos nos arredores. Isso significa que as células gliais atuam como semicondutores, estimulando os impulsos nervosos do sistema nervoso e do ambiente e amplificando-os milhares de vezes, da mesma forma que os transistores amplificam os sinais elétricos. Assim, enquanto os neurônios podem enviar sinais através de redes de células interconectadas, os sinais são também amplificados e circulam no cérebro pelas células gliais, para ser percebido por qualquer neurônio, afinado com a freqüência apropriada, ou ressonarem com o meio ambiente
44.

As evidências científicas sugerem que, enquanto os neurônios individuais geram seu único e próprio sinal, também atuam cooperativamente em milhares de redes de milhares e milhões de neurônios, vibrando com o mesmo sinal elétrico. Todos os nossos pensamentos e percepções consistem em interações de complexos campos eletromagnéticos que circulam constantemente pelo cérebro
44. Observou-se também uma relação direta entre atividade elétrica cerebral e determinados estados mentais como depressão, ansiedade, medo e outros.

Através de relato de importantes pesquisadores e pesquisas realizadas na década de 90 a respeito do funcionamento cerebral, estudos de EEG de milhares de pessoas compreende-se muito a respeito do funcionamento do cérebro humano. Uma das conclusões a que se chegou é que o cérebro é extremamente influenciado pela audição, e que o ouvido não possui apenas a função de ouvir, mas também uma importante função nos processos de recarga cortical e, portanto, de regeneração e melhora das funções mentais e cerebrais. Pela audição o cérebro é recarregado. As orelhas estão constantemente abertas, recebendo sons, mesmo quando estamos dormindo, além de ser o primeiro órgão sensorial a se desenvolver. Portanto os sons e as músicas possuem a propriedade terapêutica de nutrir o cérebro. A música, além desse efeito, possui um outro importantíssimo: harmonizar as emoções.

De forma geral as emoções que a música evoca são interpretadas pelo sistema límbico que é uma estrutura da base do cérebro que engloba o tálamo, hipotálamo e outras estruturas do tronco cerebral responsáveis pela modulação das emoções. A grande maioria dos estímulos sensoriais, desde a sensação da agulha de Acupuntura passando pela audição de uma música, é interpretada e modulada no tálamo fazendo sinapse mais especificamente no núcleo ventral posterior do tálamo.

O tálamo não possui simplesmente a função de retransmitir os impulsos sensitivos ao córtex, senão integrá-los e modificá-los. Os aspectos mais racionais ou que dependam de um raciocínio mais lógico, como a leitura musical ou a análise harmônica de uma peça musical são interpretados no córtex cerebral, estrutura evolutiva mais recente.

A música estimula o cérebro pelo córtex auditivo sendo, então, distribuído para outras regiões cerebrais. Os impulsos provocam um enorme número de conexões e reações químicas no cérebro, dependendo do tipo de música – se já é conhecida, se é alegre ou triste e assim por diante. O cérebro reage a esses estímulos acionando neurônios que, por meio do cerebelo e da ponte, chegam à medula espinhal e, desta, vão se comunicar com o resto do corpo. Quando os estímulos causados pela música atingem a medula espinhal, ela ativa uma rede de terminações nervosas espalhadas pelo corpo. Por meio desses nervos, a mensagem musical é levada até os músculos e a pele (menor resistência à corrente elétrica), alterando a sensibilidade cutânea. As fibras musculares, recebendo essas mensagens, movem-se de acordo com o tipo de música – acelerada ou lenta. Nesse momento, os estímulos se incorporam aos movimentos internos do organismo. Aí, a música externa se junta à música interna dos nossos órgãos e expressa o nosso próprio ritmo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

57 LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo : Atheneu, 2001.
44 HUTCHINSON, M. Megabrain: new tools and techniques for brain growth and mind expansion. New York : Hyperion : Randon House, 1986.
54 LEAL, U. S. Musicoterapia aplicada à psicopedagogia. São Paulo : Imprensa Oficial do Estado. 1997.
57 LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo : Atheneu, 2001.
54 LEAL, U. S. Musicoterapia aplicada à psicopedagogia. São Paulo : Imprensa Oficial do Estado. 1997.

Um comentário:

Kamaleoa disse...

excelente texto, parabéns!