SUICÍDIO: UM TEMA A SER DISCUTIDO

"DEVO TOMAR QUALQUER COISA OU SUICIDAR-ME?"

Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!
Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo
Renego a gládio e fim de todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalta no cérebro?
Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir...
(trecho do poema Bicarbonato de soda, de Fernando Pessoa, pelo seu heterônimo Álvaro Campos)


É PRECISO IMAGINAR SÍSIFO FELIZ

Na mitologia grega, por ter desafiado os deuses, Sísifo recebe como castigo a tarefa de empurrar uma pedra ladeira cima. Quando chega próximo do topo, a pedra rola novamente e traduz falta de sentido no seu trabalho eterno.
"Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente. Onde estaria, com efeito, a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse? O oprário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante toda a sua descida[...]. Se a descida se faz assim, em certos dias, na dor, pode também fazer-se na alegria. Deixo Sísifo no sopé da mantanha. [...]. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz" (Camus, em Mito de Sísifo).
NOTÍCIAS E ESTATÍSTICAS: Sites russo são dicas para suicídio e França acomete empregados
Comunidades virtuais, blos e fóruns russos encinam os internautas visitantes a cometer suicídio. em alguns dos tópicos publicados, há participações dos visitantes questionando os moderadores sobre como se matar de uma maneira rápida e indolor. Ao todo são 124 comunidades russas que orientam como chegar à morte, além de abrir espaços para comentários e depoimentos de quem já presenciou ou tentou cometer o suicídio. Há relatos, inclusive, de pessoas que deixam pedidos de companhia para dar da própria vida, como uma tentativa de suicídio conjunto ou coletivo. Vale lembrar que a Rússia, segundo númertos oficiais apresenta a terceira taxa mais alta de suicídios no mundo, a primeira nos países do G8, com 34,3 mortos para cada 100 mil habitantes. Especialistas explicam o fato devido à falta de centros de apoio psicológicos gratuitos no país.
Suicídio alerta França para condições de trabalho
Após a exposição de uma carta deixada por um funcionário suicida, a automobilística Renault se viu obrigada a reavaliar a relação entre as condições de trabalho e o equilíbrio psíquico de seus profissionais. A carta do trabalhador, em Guyancourt, na França, dizia que ele não se sentia mais capaz de fazer frente às exigências de sua função e que seu trabalho se tornara insuportável. Com este, a empresa soma três suicídios desde outubro desde outubro de 2006, e a média relaciona tal fato ao ambiente de mal-estar e pressão aplicados pela multinacional. Guyancourt sedia a Technocentre, dentro técnico da Renault. As esposas de outros funcionários afirmaram que seus maridos estravam cumprindo longas jornadas e expressavam quadros similares àqueles apresentados pelos suicidas. Desde 16 de março, Gérard Laclerc, o novo diretor de recursos humanos do Grupo, divulgou um plano com o objetivo de instituir medidas concretas para a melhoria das cindições de trabalhi no Technocentre. A companhia mantém um observatório de avaliação das condições de trabalho e do estresse, e, segundo Gerard, uma cédula especial de apoio psicológico.
(fonte: Psiquê ciência & vida, a.2, n.21, p. 10-20)

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